Os rápidos avanços salariais na China, que começaram após a crise financeira mundial de 2009, estão perdendo fôlego com a desaceleração da economia. Isso cria problemas para o governo, que tenta estimular o consumo doméstico.
O aumento na renda dos trabalhadores migrantes cairá para menos de 7% neste ano, contra de 7,2% em 2015, segundo 9 de 12 economistas consultados pela Bloomberg News neste mês. O resultado sai após um comunicado da província de Guangdong, maior exportadora chinesa e um dos locais mais buscados pela mão-de-obra de origem rural, de que congelará o salários mínimo por dois anos.
Um aumento mais lento dos custos trabalhistas poderá tornar as empresas chinesas mais competitivas, além de ajudar os empregadores a enfrentar as reformas estruturais que, prometem os líderes do Partido Comunista, enxugará o excesso de capacidade na segunda maior economia do mundo. O governo anterior defendia os aumentos salariais como forma de fomentar a demanda doméstica.
“As pragmáticas autoridades monetárias chinesa reconheceram os limites de coisas como aumentos do salário mínimo”, disse Louis Kuijs, economista-chefe para Ásia na Oxford Economics, em Hong Kong. “Não é possível esperar que o crescimento dos salários persista, se as condições dos negócios e a evolução dos lucros esfriaram.”
Empregos, renda e o “novo normal” de crescimento econômico mais lento eram alguns dos itens no topo da agenda da reunião do Congresso chinês, realizado no início deste mês em Pequim.
Mesmo com a remuneração mais baixa dos trabalhadores, economistas ainda preveem um aumento do desemprego na China neste ano. A taxa de desemprego urbano deve subir para entre 5,3% e 5,5% em 2016, acima dos cerca de 5,1% no ano passado, disseram 7 dos 12 economistas consultados.
“A despeito do discurso sobre um novo normal, a promessa implícita é que as coisas vão melhorar”, disse Pauline Loong, diretora-gerente da Asia-Analytica Research, em Hong Kong. “Veja, porém o crescimento dos salários – isto é, o seu não crescimento. Num momento de queda nos lucros, até mesmo dos grandes bancos, onde está o espaço para elevar salários? Nem as grandes empresas estatais estão ganhando dinheiro.”
O previsto esfriamento do mercado de trabalho é notável, porque o contingente de mão de obra chinesa vem encolhendo, algo que, em outras circunstâncias, levaria as empresas a terem de pagar mais para atrair trabalhadores.
O crescimento dos salários tem sido pressionado por congelamentos salariais, mais recentemente, em Guangdong, província mais populosa na China, com 107 milhões de pessoas e uma economia de US$ 1,1 trilhão. O governo local disse em fevereiro que manterá o salário mínimo congelado por dois anos para ajudar as empresas a cortar custos trabalhistas.
Os salários médios mensais de 277 milhões de trabalhadores migrantes chineses cresceram em média 7,4% no ano passado, para 3,072 mil yuans (US$ 473), portanto mais lentamente do que o avanço de 9,8% em 2014 e 13,9% em 2013, segundo dados oficiais.
“As quedas nas exportações e na atividade de construção civil manterão os salários comprimidos”, disse o economista Harrison Hu, diretor do Royal Bank of Scotland. “Reduzir os custos das empresas é agora prioridade”.
Fonte: Força sindical
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